#13 de novembro - conto de primavera: dormia tranquila, sem medo do desejo lhe puxar os pes. ha tres dias havia comecado - e agora faltavam outros quatro ate o sol raiar novamente. de todas as noites que passou no quarto, nenhuma tinha sido tao tranquila quanto as ultimas horas ate sua chegada. o desejos ainda se esgueirava pelas cortinas ocres de veludo, seco, como po, mas r. nao temia mais a fome que ele deixava. faltavam poucos dias - e o sol iria nascer mais uma vez. esperaria próxima a pedra onde restavam as ultimas seis gotas de suas lagrimas - e entre os fios de aco e as lascas de ferro - ate que as paredes do quarto secassem e ela pudesse sair. e dali mesmo, ela ja o escutava chegar! do outro lado dessas paredes de tijolo aspero que nunca tiveram a oportunidade de secar, escutava, passando a ponta dos dedos pela argamassa grossa e granulada que escorria pelas beiras da alvenaria. E comecava a ouvir o farfalhar das folhas, que agora nao caiam como ha alguns meses atras! desabrochavam em flores com um nectar pungente, que pinga pelo jardim de acassias.